Brasil de todas as cores e amores

Vista-se de amor e respeito

Já esperava por um retrocesso no Brasil com a posse do novo governo, mas não imaginei que fosse ser tão rápido. No terceiro dia, a nossa excelentíssima ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, informou em um vídeo, gravado por apoiadores, que “menino veste azul e menina veste rosa”, pra bom entendedor uma frase como essa basta e basta mesmo: a declaração fere a liberdade individual e a dignidade da população LGBTI, e reforça o preconceito e a violência a população gay. Isso não é mimimi nem coisa de esquerdista, é coisa de ser humano, de respeito, de mostrar que primeiro: cor não tem gênero e segundo: cada indivíduo deve estabelecer sua própria identidade ao longo da vida sem a interferência do governo. 

Parece que a ministra está se esquecendo da importância do cargo e o compromisso de governar para todos, todas e todes, independente do seu viés ideológico religioso, já que Damares é pastora evangélica. Sim, o governo Bolsonaro foi eleito democraticamente, acho positiva a alternância do poder, mas você já parou para analisar o significado de democracia? Vamos lá: “regime em que há liberdade de associação e de expressão e no qual não existem distinções ou privilégios de classe”. Portanto…

A pastora afirmou em entrevista após a repercussão negativa nas redes sociais, que foi uma metáfora a frase e citou o respeito a identidade biológica das crianças. Ou seja, se você nasceu com o órgão genital feminino deve se comportar como mulher e se você nasceu com o órgão genital masculino deve se comportar como homem. Porém o desejo é incontrolável, como diz o Dr. Drauzio Varella “a homossexualidade se impõe da mesma forma que a heterossexualidade, tentar reverter a homossexualidade é o mesmo que tentar transformar um heterossexual em homossexual, você pode controlar o comportamento de uma pessoa, mas não o desejo”. Se você ainda tiver dúvida da afirmação se faça uma pergunta, responda: quando você decidiu ser hétero?

Não sabe responder? Ou respondeu desde sempre, ah quando eu nasci, pois é. Agora pensa no outro lado. E aproveito para esclarecer que homossexualidade não é doença muito menos algo demoníaco e nem exclusividade dos seres humanos. E em termos de história… ah se a Grécia antiga falasse.

Voltando a entrevista da ministra, ela disse que irá respeitar as políticas públicas para a população LGBTI sem alterar os direitos já conquistados. Dá pra acreditar? É difícil, pois nem a menção a população foi feita na medida provisória assinada por Bolsonaro na promoção dos direitos humanos, como constava no passado.

O Brasil é o país onde mais mata homossexuais no mundo por pura ignorância e preconceito, atitudes como as do novo governo só incentivam o extermínio da população. O público LGBTI não quer ter direitos exclusivos, quer ter respeito e dignidade, assim como é dado à população em outros países do mundo que já evoluíram nessa questão e no Brasil cada conquista demora anos e agora então…

O Brasil de todas as cores rosa, azul, preto, roxo, branco, verde, laranja, vermelho, marrom, cinza, ou melhor, todas as cores juntas devem ser respeitadas assim como todo formato de amor.

O amor não tem rótulo, não tem sexo, amor é construção, construa o seu amor com quem quer que seja e trilhe no caminho do bem.

Ah Damares, como dizia Vinícius de Moares...”quem nunca amou, não merece ser amado”. Se ame, dê amor e compartilhe.

Fran Bueno

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