Firjan e Simperj, Sindicato da Indústria de Material Plástico, mobilizam empresas para produzir caixa de PET-G, proteção para médicos, enfermeiros e técnicos. Novo EPI diminui risco de contaminação das equipes no tratamento de pacientes infectados, que precisam de intubação
Rio, 8 de abril de 2020
O esforço de inovação da indústria no enfrentamento à pandemia de coronavírus fez surgir uma novidade nos itens de proteção individual à disposição dos profissionais de saúde. Trata-se de uma caixa feita em PET-G, material plástico transparente, que serve como escudo de proteção para técnicos, enfermeiros e médicos quando há necessidade de intubação de pacientes. Considerado um EPI (equipamento de proteção individual) de barreira, a ideia do uso da caixa de intubação surgiu no grupo formado por pesquisadores e professores de diversas instituições do Estado para discutir e trabalhar no desenvolvimento e produção de equipamentos para suporte aos profissionais de saúde envolvidos no atendimento aos pacientes infectados pela Covid-19. A Firjan participa deste grupo e, a partir das necessidades apontadas pela área de saúde, aciona a indústria para produção dos equipamentos necessários no combate ao coronavírus.
“A articulação da Firjan e Simperj (Sindicato da Indústria de Material Plástico) com a indústria nesse momento tão delicado é fundamental. As fábricas oferecem maior velocidade na produção dos equipamentos tão essenciais à segurança dos nossos profissionais de saúde. E os FabLabs, os laboratórios de fabricação digital, têm muita agilidade para fazer e testar protótipos. É muito importante contar com toda essa rede para garantir a agilidade nas respostas que a saúde precisa”, explica Cristiane Alves, Gerente Geral de Desenvolvimento e Inovação Empresarial da Firjan.
A caixa de intubação e extubação complementa os equipamentos de segurança dos profissionais de saúde, como máscara, gorro, capote e faceshieds – as viseiras de proteção facial. Feita em plástico transparente e leve, que pode ser higienizado, a caixa cobre a cabeça e parte do tórax do paciente, e tem espaço para o profissional de saúde colocar os braços para fazer a intubação, protegendo o próprio rosto das gotículas que, eventualmente, podem ser expelidas pelo paciente intubado. As paredes da caixa são mais uma proteção para reduzir os riscos de contaminação da equipe de saúde, durante este procedimento.
Recurso protege equipes de saúde
“Não costumamos usar esse equipamento no Brasil, mas colegas estão usando em outros lugares do mundo. Estamos todos em rede, pensando em soluções para enfrentar esse desafio e proteger os profissionais e os pacientes. O índice de contaminação das equipes que tratam os pacientes é preocupante. Esta é uma barreira a mais de proteção”, diz o pneumologista David Nigri, que avaliou o protótipo de caixa de intubação feita pela indústria no Rio, até o modelo ficar funcional. “É muito importante existir esse link entre quem utiliza, quem pensa nos equipamentos e quem produz. No mundo todo as equipes estão preocupadas em encontrar meios de proteção para os profissionais de saúde. A agilidade da indústria nessa resposta é fundamental”, completa o médico.
“O protótipo foi feito com material mais leve e barato que o acrílico, e pode ser higienizado com álcool gel, mantendo a transparência. A indústria do Rio tem capacidade produtiva para atender o sistema de saúde na produção de mais esse EPI. Basta conhecer a demanda”, afirma Gladstone Santos Jr., presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico (Simperj). Ele ressalta que o modelo do protótipo testado e aprovado está com código aberto, podendo ser replicado. “Não estamos trabalhando com segredo industrial. É para que mais empresas possam fazer a ajudar as equipes de saúde nesse momento”.
No Rio, a Geka, primeira indústria que fez o protótipo submetido à avaliação médica, adaptou a rotina para produção da caixa de intubação, com capacidade para produção de 500 unidades por dia. Além da indústria, as caixas de intubação também podem ser produzidas por laboratórios de fabricação digital, como o FabLab da Firjan SENAI de Nova Friburgo, que já começou a produção.
Prioridades definidas com Governo do Estado
A definição dos equipamentos de proteção individual prioritários para os profissionais de saúde da rede pública foi feita em reunião do Governo do Estado, na quinta, 19/3, no Palácio Guanabara, com professor Jorge Lopes, do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio, e o médico Leonardo Frajhof, professor associado da Unirio e doutor em Design pela PUC-Rio.
Após esta reunião, em conjunto com o médico Alberto Chebabo, diretor da divisão médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, o cirurgião torácico Rui Haddad, da PUC-Rio, e o pneumologista David Nigri, foram convidadas instituições de ensino e demais parceiros para viabilizar produção das peças. O grupo inclui representantes da PUC-Rio, UFRJ, Unirio, Firjan, Firjan SENAI, Governo do Estado, INT (Instituto Nacional de Tecnologia), Coppe UFRJ, Grupo DASA, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Marinha do Brasil e o SOS 3D Covid 19.
Programa Resiliência Produtiva
Além da articulação com a indústria, a Firjan mobilizou os FabLabs da rede Firjan SENAI para produzir EPIs utilizando a tecnologia de impressão 3D. Esta é mais uma ação do Programa Resiliência Produtiva (https://www.firjan.com.br/resiliencia-produtiva/oprograma/default.htm), um conjunto de ações elaboradas pela Firjan para enfrentar a atual crise da Covid-19. São propostas às diferentes esferas de governo para atenuar os impactos econômicos e sociais desta crise, mobilização para conectar setor produtivo, institutos de pesquisa e universidades em busca de soluções e produção de insumos fundamentais para o combate à pandemia. Há também uma frente de atuação com oferta permanente de conteúdo para empresas e trabalhadores, que ajuda na prevenção e na antecipação de cenários.