Três abrigados retornaram para o convívio familiar durante a última semana
A Prefeitura de Volta Redonda tem feito um trabalho incansável para ajudar a população em situação de rua a se restabelecer na sociedade. Através de um serviço contínuo, as equipes que atuam diretamente com esse público fazem um trabalho de acolhimento e apoio social e psicológico para reintegrá-los às suas famílias ou construir uma nova vida. Essa semana três usuários do abrigo temporário, criado pela administração municipal na Arena Esportiva para auxiliar no período da pandemia, tiveram um final feliz e saíram para reconstruir suas vidas longe das ruas.
Alfredo Pereira Candido, de 31 anos, voltou essa semana para casa. Ele conta que, com o apoio dos profissionais e muita força de vontade, conseguiu superar sua dependência e reconquistar a confiança da família. “Eu fiquei no abrigo um pouco mais de um mês e pude contar com o apoio da equipe, psicólogos e assistentes sociais. Aos poucos fui retomando o contato com minha família e conquistando a confiança deles. Tem quatro dias que estou em casa e está sendo maravilhoso. Eu peguei essa como sendo minha última oportunidade e foi como se eu tivesse renascendo”, contou Alfredo. Para o futuro, ele espera poder ajudar outras pessoas em situações como essa.
A trajetória do Fernando Moura, de 40 anos, foi turbulenta, mas ele conta que, apesar dos desafios, agora ele quer voltar para sua cidade, Ponta Nova (MG) e retomar sua vida. “Eu tive muitos conflitos até perceber que não seria esse o melhor caminho. Agora meu propósito é voltar para minha vida e cuidar da minha família. Esse tempo aqui serviu de escola”, disse.
Já Filipe Gomes da Silva não pensa em pensa em voltar para sua cidade de origem, pois quer se restabelecer em Volta Redonda. “Eu vivi muito tempo em situação de rua e aqui eu decidi começar do zero e me estruturar na cidade. As pessoas aqui me dão muito apoio e me ajudam a acreditar que as coisas vão melhorar. Eu quero mudança acima de tudo e se eu for fazer uma análise, aqui foi o melhor lugar para mim”, afirmou. Filipe contou ainda que, aos poucos, tem retomado o contato com a filha, um diálogo que não tinha há 12 anos.
Atualmente, o espaço abriga 10 usuários, mas já chegou a atender 35 pessoas. A psicóloga do abrigo, Vanessa Juliana da Silva, afirma que, apesar do espaço ter sido montado para proteger a população em situação de rua da pandemia, lá também é desenvolvido um importante trabalho social.
“No dia a dia a gente conversa e estuda o que se pode fazer para melhorar a vida deles. É uma vitória muito grande quando conseguimos de fato reinserir essas pessoas na sociedade. O que eles sempre falam é que eles precisam de uma oportunidade, alguém que acredite neles e aqui eles estão sentindo essa confiança”, comentou Vanessa.
ABRIGO – Criado para a proteção contra o Novo Coronavírus, o local tem capacidade para atender até 40 pessoas. A estrutura conta ainda com um espaço de isolamento para quem tem algum sintoma suspeito de Covid-19. Durante o dia todo, até as 20h, a equipe do Consultório na Rua, composta por enfermeiros, psicólogo, técnico de enfermagem, assistente social, além da equipe da Saúde Mental, auxilia os abrigados. Após esse horário, eles ficam com um cuidador em saúde e um guarda municipal monitora o local.
O município conta ainda com outros locais para atender as pessoas em situação de rua: o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua – Centro POP, o Serviço de Atendimento ao Migrante (SAM), que funciona na rodoviária e o Abrigo Municipal Seu Nadim.