Fotos feitas por moradores mostram policiais militares mexendo no corpo do rapaz enquanto socorrista do Samu estava em pé, sem prestar atendimento. Também é possível ver manchas no asfalto, que indicam a possibilidade de o local ter sido lavado. SSP diz que morte de Bruno Gomes de Lima será investigada pelo DHPP.
A Polícia Civil apura a conduta de policiais militares após a abordagem de Bruno Gomes de Lima, de 23 anos, que morreu após ser baleado por um dos agentes públicos de segurança. Moradores fizeram fotos e vídeos de momentos depois da morte do jovem, ocorrida na noite desta terça-feira (10), em Diadema, no ABC Paulista.
As imagens mostram dois policiais militares sobre o corpo da vítima, enquanto um socorrista do Samu assiste a cena, sem poder prestar o atendimento. Em outro momento, a imagem mostra manchas de água no local, o que podem indicar que o local da morte do jovem possa ter sido adulterado ou lavado para esconder alguma coisa.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que “todas as circunstâncias relativas à ocorrência são investigadas por meio de inquérito policial instaurado pelo Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) de Diadema e pela Polícia Militar, que instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM). As duas polícias disseram que possuem conhecimento da imagem feita pelos vizinhos do local, que está em análise.
Outro ponto que está em investigação pela Polícia Civil e também em inquérito da Polícia Militar é o fato de a arma usada por um dos policiais militares para atirar contra a vítima ter sido apreendida por um oficial do 24º Batalhão e não levada para ser periciada pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo.
A nota da SSP, no entanto, não esclarece se a arma foi levada para a perícia ou não.
Família da vítima
Segundo Kátia Aparecida de Lima, mãe de Bruno Gomes de Lima, o filho voltou do trabalho e disse que iria para casa de um amigo de moto. Ele deu carona para outro amigo e foi abordado por policiais militares. Bruno estava sem a carteira e documentos.
“Se ele não estava com documento da moto, se ele tentou dar uma fuga, tudo bem, ficou com medo. Deram um tiro no pescoço dele, o tiro foi para executar ele logo. Não revistaram ele. Levassem para delegacia, fizesse o que quisesse, mas não mata meu filho, ele não resistiu.“
Na delegacia, os policiais apresentaram outra versão sobre a abordagem. De acordo com o tenente Orlei Brito, Bruno não obedeceu a ordem de parada. “Em, determinado momento [a moto] caiu. Yuri [amigo de Bruno] se levantou, já de pronto, sem resistência. Porém, o Bruno investiu contra o policial e, em determinado momento, tentou alcançar a arma dele e foi onde houve o disparo.”
Segundo a polícia, ainda não é possível afirmar se o tiro foi acidental ou intencional. A investigação terá que esclarecer o motivo do disparo.
Kátia lembra que pediu para o filho não sair de moto e também para que ele “voltasse logo para casa”. “Meu filho era um menino dócil, amigo de todo mundo, bom filho, sempre me respeitou. Não estou acreditando”, afirmou a mãe do jovem.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que o crime também será investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).