Homem provoca aborto forçado em namorada, paga fiança e é solto

Homem que colocou 3 comprimidos abortivos na vagina da namorada foi preso, mas pagou fiança e está em liberdade. A mulher, que queria ter o filho, já estava no terceiro mês de gestação

Giuliano Augusto Trondoli Cunha foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por provocar um aborto na então companheira sem o consentimento dela no último dia 14 de novembro.

O homem queria que a namorada abortasse ou procurasse um casal para adotar o bebê quando ele nascesse. Mas Tamires Silva da Cruz, que já estava no terceiro mês de gestação, queria ter o filho e disse que criaria a criança sozinha se preciso fosse.

Segundo a denúncia apresentada pelo MP-SP, o homem colocou um medicamento conhecido por provocar aborto na mulher sem ela perceber. “Na noite dos fatos, de maneira premeditada e dissimulando sua verdadeira intenção, o denunciado foi até a casa da namorada e com ela manteve relação sexual. Aproveitando-se da vulnerabilidade advinda do momento de troca sexual, introduziu três comprimidos do medicamento Cytotec na vagina da vítima, sem o seu conhecimento, violando o corpo da companheira”, relata a Promotoria.

No dia seguinte, Tamires acordou com cólicas e sangramento e foi para o hospital. Na consulta, ela descobriu que o feto estava morto.

Giuliano Cunha foi preso em flagrante no Hospital Salvalus. Com ele, os policiais encontraram outros quatro comprimidos de Cytotec. Ele foi liberado após pagar fiança de R$ 10 mil.

Além da denúncia, o promotor Neudival Mascarenhas Filho, solicitou a concessão de uma medida protetiva de urgência. O pedido visa impedir que o homem se aproxime da vítima, de seus familiares ou de testemunhas do caso.

Como aconteceu

Segundo Tamires, Trondoli foi comunicado da gravidez no dia 14 de setembro, logo após o resultado positivo. “No mesmo dia ele veio para minha casa, passou os três primeiros dias aqui, falou de aborto, de procurar uma clínica para isso, de doar a criança. Falou disso tudo, mas, a partir do dia 18 de setembro, pediu desculpas e disse que estava nervoso no começo.”

Trondoli se tornou, segundo ela, “um cara ótimo”. “Ele fazia tudo, cozinhava, se preocupava com as consultas, ia comigo nos exames, pediu até para escolher o nome do filho. Até o dia 15 de novembro, quando ele matou o meu filho”, afirma.

Na manhã de domingo, dia 15 de novembro, Tamires acordou por volta das 7h com muita dor e, ao usar o banheiro, notou dentro da vagina resíduos do que pareciam ser dois comprimidos. Ela questionou o companheiro, que disse ter inserido nela, durante o sexo, o que seria “viagra feminino”.

Tamires insistiu em ir ao hospital, mesmo diante de reiterada recusa de Giuliano. De acordo com ela, Trondoli pediu que ela ficasse em casa e tomasse um remédio para cólica. No hospital, ao ser atendida, um médico constatou que ela estava em processo de aborto. A caminho da sala de parto, ligou para a polícia, que prendeu Giuliano Trondoli minutos mais tarde.

O crime de indução de aborto sem consentimento da gestante não prevê liberdade sob fiança. No entanto os advogados do acusado entraram com pedido de habeas corpus, e Trondoli foi solto depois que pagou o valor.

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