Quatro das 13 cidades que têm times na elite do futebol paulista registraram em seus últimos boletins informativos sobre a covid-19 que têm 100% dos leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) ocupados. Isso acontece no mesmo momento em que a Federação Paulista de Futebol (FPF) fez doação de dez respiradores e monitores para a criação de novos leitos na cidade de Volta Redonda, no Rio de Janeiro.
O município do Estado vizinho de São Paulo aceitou receber as partidas entre Corinthians e Mirassol, ontem à noite, e São Bento x Palmeiras, hoje (24), no estádio Raulino de Oliveira, após negociações com a FPF. A Prefeitura de Volta Redonda usou o termo “contrapartida” em comunicado, enquanto a entidade paulista alega que foi feito um pedido, não uma imposição.
Em São Paulo, as cidades de Bragança Paulista, Campinas, Limeira e Novo Horizonte informam 100% de ocupação de UTIs na rede pública e lista de espera de pacientes para atendimento. O total do Estado de acordo com último boletim do Governo é de 92,3% de ocupação em UTI e 82,3% em enfermarias, o que significa que o sistema de saúde já entrou em colapso.
A situação das outras nove cidades com times na elite do Paulistão não é muito mais confortável e mostra índices de ocupação das UTIs como 98,6% (Sorocaba), 95,8% (Ribeirão Preto) ou 94% (São Caetano do Sul). O menor número é 82% de lotação na cidade de Santos — veja tabela abaixo com as últimas taxas disponibilizadas. Mirassol não possui leitos de UTI, utiliza o Hospital de Base de São José do Rio Preto, que é regional.
A FPF não fez doações de respiradores e monitores para cidades paulistas e, segundo fontes internas do UOL, também não recebeu pedidos. A reportagem fez contato com departamentos de comunicação das Prefeituras de algumas das 13 cidades e o texto será atualizado tão logo enviem posicionamentos. A primeira reação de parte delas foi de surpresa ou desconhecimento sobre a notícia.
O UOL também questionou a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo de São Paulo sobre sua posição a respeito do fato de uma entidade esportiva paulista ter prestado auxílio a um município de outro Estado que recebe sua competição sem ter oferecido a mesma ajuda para cidades paulistas que recebem seus jogos.
“Os critérios do Governo de São Paulo para avaliar a suspensão de atividades são estritamente técnicos, sem nenhum tipo de exigência de doações para o Poder Público. O Centro de Contingência, formado por 20 especialistas, vem se amparando há mais de um ano em dados científicos para a tomada das decisões anunciadas para todo o estado. O Plano São Paulo é respaldado por análises e pareceres do Centro de Contingência para permitir, de forma consciente e gradual, a retomada das atividades econômicas dos setores. O Governo de SP reitera o seu compromisso de proteger a vida dos seus cidadãos e tomará todas as medidas cabíveis dentro do escopo do Plano São Paulo para cumprir a sua missão”, disse.
A procura por jogos no Rio de Janeiro deve-se ao decreto que colocou em vigor entre os dias 15 e 31 a fase emergencial do Plano São Paulo, com regras rígidas de restrição com o objetivo de conter a pandemia de covid-19. Partidas de futebol foram proibidas no Estado, daí a busca da FPF por outros locais.
Veja taxas de ocupação de leitos de UTI na rede pública de cidades com times na elite do futebol paulista, segundo os últimos dados divulgados pelas Prefeituras:
Araraquara – 89%
Bragança Paulista – 100%
Campinas – 100%
Itu – 87,5%
Limeira – 100%
Mirassol – não tem leitos
Novo Horizonte – 100%
Ribeirão Preto – 95,8%
Santos – 82%
Santo André – 90%
São Caetano do Sul – 94%
São Paulo – 88%
Sorocaba – 98,6%
Fonte: Portal UOL