Morrer é ser esquecido

Apesar do sentido da vida ser subjetivo o filósofo francês Jean-Paul Satre apostava que a vida não tinha sentido algum, assim como ele, outros tantos compartilhavam da opinião. Mas a filosofia de alguma maneira te faz pensar sobre a morte e o que você deixará para os que ainda viverão por aqui. Por isso, é fundamental viver no caminho do bem, aquela lista: plantar uma árvore, escrever um livro e fazer um filho antes de morrer é válido sim e pode acrescentar atos de caridade e amor ao próximo.

O fim da nossa existência é óbvio que seja inevitável, porém muitos não aceitam perder alguém, um ente querido, por exemplo. Revoltam-se até contra o criador, eu não vejo a morte como algo ruim talvez tudo o que você sempre procurou e não encontrou…encontrará em outra dimensão. Acredito na eternidade do espírito e o corpo é um empréstimo apenas, aqui no planeta Terra, que não tem valor nenhum, tá gente, então não valorizem tanto essa carcaça, que ficará embaixo da terra ou se transformará em pó. O que vale de verdade são suas ações!

Perdi minha avó há um mês, eu sentia que ela já estava se desprendendo da matéria e isso ficou bem claro enquanto estava hospitalizada, em alguns momentos, me fiz de desentendida para não sofrer mais ao vê-la se desligando de tudo e de todos aos poucos, é doloroso esse processo. Antes de partir, minha vozinha perdeu a voz e já não reagia aos comandos médicos, horas antes de sua partida fui à última pessoa da família a falar com ela.

Não sei se ela ouviu o que disse, mas tenho certeza que quando ela estava viva falei muitas mais muitas vezes mesmo que a amava e que ela era tudo para mim. Então isso me conforta, eu não tenho remorso por não ter demonstrado o meu amor, por não ter falado algo, eu sempre disse e fiz tudo. Fotos com declarações amorosas com ela eram recorrentes na minha rede social e ainda serão e será assim até a minha partida.

Eu compartilho do seguinte pensamento: morrer é ser esquecido, filosoficamente explicando é o seguinte enquanto eu me lembrar dela através de uma música, de uma rosa, do cheirinho dela, do sabor da comida que ela fazia, de olhar para o céu e sentir que ela está lá, ela não estará morta. Pois se manterá viva em minha memória e principalmente no coração. Pode parecer estranho, mas pensamentos filosóficos, fora da curva, nem todo mundo tem e fico feliz com isso.

Manter pessoas que amamos vivas -ainda que mortas fisicamente- dentro de nós é benéfico para gente e para o espírito dos que foram, pois saberão de onde estiverem que são eternamente amados e o que nós podemos fazer para ajuda-los e, nos ajudar também, é elevarmos nossas energias, nossas orações e pensamentos ao criador para que ele possa interceder pelos espíritos num caminho lindo de verdade, luz, e paz. É isso que peço!

Quando ouço Réquiem, de Mozart, para quem não conhece é uma composição fúnebre. Me transmite resignação, em cada parte da música clássica me remete a uma fase da vida até a morte. Recomendo que ouçam.
Encerro com uma frase do filósofo Epicuro, para ser refletida: “A morte é uma quimera: porque enquanto eu existo, ela não existe; e quando ela existe, eu já não existo”.

Mas lembrem-se você só deixará de existir quando não lembrarem mais de você…. Que as memórias daqueles que amam perpetuem para toda a eternidade.

Fran Bueno