Fim da licença-maternidade

Quem nunca se deparou com essa pergunta: Avó, Babá ou creche? É preciso avaliar cada opção para achar uma que se encaixe à realidade e ao estilo de vida da sua família.

Voltar ao trabalho é para muitas mães um dos momentos mais difíceis após o nascimento do filho. Há quem acredite que é nesse momento que acontece “de fato” o corte do cordão umbilical. Afinal de contas, depois de nove meses dentro da barriga, somados aos quatro ou seis meses da licença-maternidade, é a hora da separação física de verdade. Além de ter que ajustar a nova rotina e adaptar a alimentação do bebê, principalmente se ele ainda mama no peito, é preciso escolher quem será os olhos da família, quando ela não estiver por perto.Há muitas questões que devem ser consideradas quando se decide ficar exclusivamente com o filho. Seja qual for a sua escolha, saiba que é dever dos pais educar e estar presente na vida dos filhos. Veja os prós e contras de cada opção:

PAIS EM TEMPO INTEGRAL

Delegar a alguém a responsabilidade de cuidar do filho envolve uma série de preocupações que faz com que muitos pais abram mão do emprego para estarem sempre juntos da criança. Portanto, se você está desempregado ou já passou pela sua cabeça sair do trabalho para ficar com seu bebê, saiba que não está sozinho nessa. Quantos  pais ou mães não gostariam de ter  licença de um ano para ficar com o filho? Para alguns especialistas, os dois primeiros anos são essenciais para fortalecer o vínculo, estimular o desenvolvimento cognitivo, neurológico e também ajudar na imunidade do bebê por meio do aleitamento materno. “Nos mil dias (que começa a ser contato durante o primeiro dia de gestação até dois anos após o nascimento), o carinho e o afeto, somados à segurança e à educação que os pais oferecem nesse período, vão influenciar as atitudes e o comportamento da criança para o resto da vida. Em países como a Croácia, em que a licença-maternidade é de mais de um ano e existe incentivo até das empresas para que as mães se dediquem à família, é bem mais fácil seguir essa recomendação. Mas essa não é a realidade do Brasil. Aqui, ou os pais abrem mão do emprego para ficar com o filho – e isso é privilégio de poucos devido à situação financeira da maioria – ou pensam em um plano B para terem horários mais flexíveis.

HORÁRIOS MAIS FLEXÍVEIS

Pesquisa recente realizada pela Rede Mulher Empreendedora (RME) mostra que 75% das mulheres, abrem um negócio próprio a partir da maternidade. Muitas vezes essa busca é impulsionada pelos problemas que enfrentam no mercado de trabalho. A maioria das empresas não tem jornadas flexíveis para que os pais estejam presentes no ambiente familiar, nas tarefas domésticas e nos cuidados com os filhos. O jeito é buscar alternativas para conseguir dar conta de tudo. Engana-se quem pensa que vai trabalhar menos quando opta por abrir um negócio próprio. O que o empreendedorismo proporciona é a possibilidade de fazer uma jornada diferente. A mãe pode fazer suas atividades profissionais apenas à tarde e à noite e passar a manhã com as crianças ou tirar um dia para estar somente com os filhos. Fato é que empreender permite aos pais estarem mais perto da família e isso faz total diferença na criação dos filhos. As áreas de tecnologia  (desenvolvimento de site, programação, consultoria), acompanhadas do artesanato e do mercado de beleza,  são as que mais atraem as novas empreendedoras. Segundo revelou a pesquisa da RME, a maioria delas aposta no setor de serviços (59%) e 30% faturam, em média, R$ 2,5 mil por mês.

CULPA, NÃO!

Mas, antes de decidir por um negócio ou largar o emprego para viver a maternidade/paternidade integralmente é preciso se fazer alguns questionamentos, como: Será que darei conta de trabalhar (caso a decisão seja ser autônomo), cuidar da casa e do meu filho? Terei uma rede de apoio para ajudar em dias que não poderei estar 24 horas com o bebê? Vou passar por dificuldades financeiras? Conseguirei uma vaga na minha profissão, caso queira voltar? Serei feliz só cuidando da criança e da casa? Tudo isso é preciso colocar na balança, pois pode ser que o padrão de vida da família mude, seja preciso trocar de profissão e deixar alguns sonhos, como uma viagem e a compra de um carro zero-quilômetro, mais distantes.

O CARINHO DOS AVÓS

Eles são fundamentais na vida das crianças, pois trazem a experiência e têm muito amor para dar. Mas será que o cuidado diário e a forma que educam não são conflitantes? Como dizem por aí, felizes são aqueles que têm os avós por perto. Essa relação dos mais velhos com os mais novos é sempre recheada de doçura, paciência e histórias. Estudos comprovam que crianças que convivem com eles se desenvolvem em um ambiente acolhedor e repleto de afeto. Afinal, com a sabedoria que carregam por terem vivido mais, sabem o valor que têm um sorriso e um abraço. Pesquisa feita pelo Boston College, nos Estados Unidos, durante 19 anos com 374 avós e 356 netos, mostra que os dois lados se beneficiam desse relacionamento e que, inclusive, é possível afastar a depressão em ambas as partes.

NA ESCOLA COM AFETO

Só de pensar em deixar seu filho em um berçário, bate aquele frio na barriga? Calma, lá pode ser um bom lugar para ele se desenvolver e viver uma infância feliz. Pesquisas mostram que ingressar cedo na escola não é prejudicial e contribui para o desenvolvimento cognitivo e social. Só é preciso acertar na escolha.Pesquisa americana feita com 1.300 crianças mostrou que estudantes que frequentavam o jardim de infância foram melhores nos estudos do que os que ficaram até os 5 anos aos cuidados da mãe, de alguém da família ou de uma babá. Na escola, ela é obrigada a sair do seu egocentrismo e perceber o que está acontecendo em seu redor, com as outras crianças, os objetos. É por isso que criança que entra na escola cedo se torna um adulto mais empático, pensa no coletivo e não no individual, porque isso já faz parte da vida dela desde sempre. É claro que nem todas as escolas ensinam esses valores. Portanto, avalie muito bem a instituição, antes de deixar seu filho lá. Como na educação infantil não há a alfabetização, observe se tem espaço para a contação de história, musicalização, linguagem corporal, artes plásticas e o brincar, pois nessa fase o bebê aprende o mundo por meio das brincadeiras.

MAIS AMOR, POR FAVOR

E, atenção! Não se esqueça do mais importante, que é o carinho. A mesma pesquisa americana mostrou que é a partir dos 3 anos que a escola passa a ser mais proveitosa. Antes disso, o que mais “pesa” em favor do desenvolvimento intelectual da criança é o afeto – não importa se vêm de casa ou da creche. Não é só o professor beijar e abraçar. O educador precisa ter uma bagagem para, por exemplo, entender o choro, partilhar a dor e oferecer conforto. Isso é uma demonstração de carinho. OK, a escola atende às expectativas, é perto, cabe no bolso, mas e em relação às enfermidades, será que o meu bebê vai ficar doente? Segundo os especialistas, é inegável que se a criança conviver com mais pessoas, mais ela terá contato com vírus e bactérias. E isso é comprovado em estudos. Uma pesquisa apresentada na Conferência de Ciência sobre Agentes Antimicrobianos e Quimioterapia, em Washington, nos EUA, mostrou que os vírus se espalham rapidamente, de duas a quatro horas, durante os momentos de interação humana. Avalie os prós e contras e decida se a escola é a melhor opção.

O CUIDADO DA BABÁ

Se você tem alguém de confiança ou do seu convívio social para cuidar do seu bebê, deve levar em conta esta opção. Sem contar que quando se contrata este tipo de profissional é você quem dita as regras e não a escola, por exemplo. Embora seja mais comum desviar uma funcionária que já trabalha na casa para a função, não é só porque ela faz bem os trabalhos domésticos, que será boa para ficar com o seu filho. Em primeiro lugar, ela deve gostar de crianças.

É recomendado que ela tenha formação especializada, curso de primeiros socorros, de recreação infantil e segurança. Uma das vantagens de ter uma cuidadora em casa é que ela pode custar menos do que o berçário.

 

FIQUE ATENTO!


1.
 Se o seu filho fica feliz e não muda de comportamento na presença da babá.

2. Volte para casa mais cedo, sem avisar, para ver como ela está cuidando do seu filho.

3. Embora os especialistas sejam contra, se você ficar mais seguro, instale câmeras de segurança em locais estratégicos ou deixe a babá eletrônica ligada para acompanhar à distância, como está o quarto da criança. Mas, é obrigatório por lei, avisar a babá.

 

DE TUDO UM POUCO

Quem tem filhos sabe que não se deve descartar nenhuma possibilidade de cuidador, até porque a criança pode não se adaptar à escola ou a babá ter que sair do trabalho às pressas. Além disso, ter mais do que uma opção é o recomendado. Afinal, o que fazer no dia que seu filho está doente, não pode ir para a escola, mas você tem uma reunião inadiável?

Teste

ESCOLA, BABÁ, AVÓS OU SÓ VOCÊ

Anote a alternativa que mais se aproxima da sua realidade, jeito de pensar e agir.

1 Você ou o seu marido podem abrir mão do trabalho ou estão desempregados?
(A) Estou sem emprego, mas pretendo voltar a trabalhar.
(B) Posso ficar um tempo longe para me dedicar integralmente à maternidade/paternidade.
(C) Não posso parar de trabalhar, mas tenho horários mais flexíveis.
(D) Vou voltar para a empresa em horário comercial.

 

2 Você aprova a educação que seus pais (ou sogros) deram aos filhos?
(A) Sim. Aprovo perfeitamente.
(B) Aprovo, mas com ressalvas.
(C) Aprovo, com muitas ressalvas.
(D) Não. Discordo totalmente da forma que eles educaram.

 

3 Você tem receio de que seu filho fique doente ainda muito pequeno?
(A) Sim. Não quero que ele adoeça de jeito nenhum.
(B) Mais ou menos. Vou tentar evitar ao máximo o contato com outras crianças.
(C) Não me preocupo com isso.
(D) Acho que é inevitável ele ficar doente e será bom para a imunidade dele.

 

4 Como você lida com os palpites alheios?
(A) Muito bem. Sigo quando acho interessante.
(B) Não permito palpites.
(C) Levo muitos assuntos em consideração.
(D) Raramente levo as opiniões dos outros em consideração.

5 Confiaria em deixar o seu filho com uma pessoa que não seja da família?
(A) Nunca.
(B) Só se eu tiver por perto.
(C) Sim, não vejo problema.
(D) Só se tiver outras pessoas fiscalizando.

6 Acha que para se desenvolver bem seu filho precisa interagir com outras crianças?
(A) Não. Ele não precisa.
(B)  Às vezes.
(C) Muitas vezes.
(D) Sim, precisa estar com crianças diariamente.

 

Respostas — Se você respondeu a maioria (A), os avós podem ser uma boa opção. Já se assinalou mais a alternativa (B), pode ser que esteja preparado para cuidar integralmente do seu filho. Agora, se você se identificou mais com as respostas (C), avalie a possibilidade de uma babá. As respostas (D) foram as mais escolhidas? O berçário pode ser a solução. “Porém, como essa escolha é particular de cada família, e não existe melhor ou pior – apenas a que se encaixe à realidade e à necessidade do casal –, avalie os prós e os contras de cada opção”, informa Deborah Moss. Lembre-se também de que você pode mudar a qualquer momento.